Paola era orgulhosa demais, sentou-se à cadeira,
com seus saltos altíssimos e sua boca carnuda com batons vermelhos berrantes.
Não havia ninguém que de longe não a observasse e achasse estranha sua maneira
de se comportar.
Pediu uma água ao garçom, estava ansiosa demais.
Lembrava-se de seus 11 anos forçada a estar em
uma missa chata, mas só ela sabia o quanto preferia estar dormindo em um banco
de igreja agora. Seu pai, muito paciente sempre dizia "Girassol,
levante-se antes que sua mãe venha e brigue com nós dois."
Usava uma calça justíssima e sua blusa parecia barata, mas foi coisa fina que
ganhou do Fred, seu cliente que tem dado uma fortuna à ela para que fique
exclusivamente com ele.
Sem respirar começou a falar alto e nervosamente com um ser andrógeno que lhe
surgiu a frente: -Agora eu estou em outra também, eu não queria ficar com essas
fotos pra nada, não significam nada pra mim!
Ele lhe tapou a boca com um só dedo e limpou sua mão manchada de batom em seu
enorme casaco de capuz preto murmurando algo que parecia "que nojo de
você", que por sorte Paola não ouviu.
Estava mais puta do que qualquer palavrão que diziam a respeito de sua
profissão, olhava pra ele com um olhar bem estreito, que seu pai faria
perguntar "o que está havendo com meu pequeno girassol?". Abriu a
bolsa e tirou uma caixa pequena de fotografias e pôs a frente da mesa.
Vicente pegou apressadamente e escondeu entre o seu casaco, cuspiu na mesa e
disse ao sair: -Vadia, quero a sua morte.
Paola não chorou, orgulhosa que era, mas sabia ali que estava podre e morta em
seu interior, se envolveu e amava aquele maldito e ele estava indo embora!
Marianne Malves

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